Feng Shui Tradicional ou Clássico: o que é e para que serve?
- Maria Teresa Baldani
- 27 de fev. de 2016
- 4 min de leitura

Em tempos antigos, os povos tinham a vida baseada na Natureza. Viviam imersos nela e tinham, por motivo de sobrevivência, que conviver e se adaptar a ela. O povo da região onde hoje é a China, era um povo muito observador e analítico, e com o passar do tempo, foram codificando o que eles observavam. Disso surgiu uma técnica que hoje é usada como ‘harmonizadora de ambientes’, que é o ‘Feng Shui’.
Porém, o ‘Feng Shui’, que nasceu na pré-história, há aproximadamente 6 mil anos, como tradição e filosofia de vida, foi sendo modificado nos tempos modernos, o que o transformou numa ‘ciência esotérica’ perante os olhos do mundo, denegrindo sua imagem. Hoje, os estudiosos do autêntico ‘Feng Shui’ lutam para mudar esta imagem.
O Homem da antiguidade chinesa vivia imerso na Natureza. Eram observadores meticulosos e consideravam a biosfera um ‘superorganismo’ que os envolvia completamente. Ele sabia que sobreviveria e prosperaria apenas se compreendesse e aceitasse as condições da Natureza, ou seja, de sua terra e do seu clima, ou da ‘Terra e do Céu’. Então, os homens e mulheres daquela época, começaram a observar mais de perto tudo o que acontecia ao seu redor: o clima, as montanhas, o sol, as estrelas, o comportamento dos animais e do próprio homem, a saúde, entre outras coisas, e as relações que existiam entre estes fatores. Perceberam que o mundo era um lugar ordenado, onde as criaturas (seres vivos) respondiam a algumas leis que regiam todo o funcionamento da Natureza, e a estas leis deram o nome de ‘o caminho das coisas’ ou ‘o jeito de ser das coisas’.
Perceberam que, conhecendo e respeitando os ritmos planetários, solares e estelares ao desempenhar qualquer atividade, estariam cooperando com as forças criadoras, indo na mesma direção, então tudo ficaria mais fácil e a vida, mais leve.
Perceberam também que a linguagem dos padrões do lugar – seus objetos (árvores, montanhas e rios) e sua atmosfera (clima, ar, temperatura, luz, a influência das constelações) – teria efeito sobre o corpo e a mente, sobre a saúde física, psíquica, emocional e mental das pessoas. Em situações anormais, os padrões da paisagem poderiam produzir ‘stress’ ou distúrbios físicos e psíquicos. Resultaria em tensão e deficiência funcional dos órgãos, alteração celular, mal condicionamento da estrutura comportamental e, finalmente, na definição da instalação da doença. Assim concluíram que a enfermidade tem relação estreita com o ambiente em que se vivia.
Muitas dessas percepções foram, aos poucos, sendo codificadas em um método que posteriormente assumiu o nome ‘Kan Yu’, e então, ‘Feng Shui’. No início era utilizado para o melhor posicionamento dos túmulos sagrados dos imperadores, denominada 'Yin Zhai', pois acreditava-se que para haver uma boa continuidade da linhagem, seria necessário enterrar os ancestrais em locais benéficos. Paralelamente, desenvolveu-se a técnica para os vivos, 'Yang Zhai', ou seja, para as residências e os descendentes. Em duas diferentes regiões da China, norte e sul, formaram-se duas vertentes, ou tradições, cada qual com suas escolas, cujos escritos são, até hoje, estudados para melhor adaptação aos dias atuais. Portanto, esta técnica não se resume em análises dos ‘8 cantos da casa’, ou ‘8 aspectos da vida’. Não se resume na colocação de objetos decorativos e amuletos. Vai muito além! Trata-se de uma leitura energética do espaço e dos seus ocupantes. Busca a profunda integração do homem ao lugar, onde o lugar nutre e equilibra as necessidades energéticas do homem, para, assim, gerar saúde, bem-estar, prosperidade, abundância e outros infinitos aspectos que compõe nossa vida. É um estudo que engloba a análise do movimento da energia vital (‘Chi’) e sua qualidade (resumida pelos 5 elementos ou 5 transformações do ‘Chi’: terra, metal, água, madeira e fogo, bem como pelo seu aspecto yin ou yang). As cores, os materiais e inclusive as formas dos objetos geram, modificam e transformam o ‘Chi’, talvez por isso caiu-se na conotação ‘decorativa’.
A análise tradicional do ‘Feng Shui’ inicia-se na leitura do entorno do imóvel, para a verificação da qualidade da energia e do caminho que esta percorre até adentrá-lo. Verifica-se por onde o ‘Chi’ adentra o imóvel, qual a face mais energética. Calcula-se o correto posicionamento do ‘Ba guá’ (aquele gráfico que todos gostam de pendurar na porta de entrada, que, na verdade é um gráfico que nos dá a leitura da qualidade da energia naquela parte da casa) de acordo com a escola escolhida para atender as necessidades daquele caso, pois cada escola tem um alcance energético. Faz-se também um cálculo dos elementos de cada ocupante, definindo suas características energéticas e direção cardeal mais próspera, para, então poder harmonizar o espaço com o objetivo de nutri-lo e equilibrá-lo, utilizando-se do mobiliário, plantas e objetos decorativos.
Existem técnicas coadjuvantes na melhoria da qualidade energética do imóvel, mas que não são ‘Feng Shui’. São algumas delas: a geobiologia, que lê o que há de energia nociva no subsolo e no entorno; e a radiestesia e a radiônica, que, através da energia da forma emitida por gráficos, ajudam na leitura e também neutralizam ou reduzem (podemos dizer ‘curam’) a intensidade das energias nocivas.
Portanto, pode-se dizer que o ‘Feng Shui’ tem um foco terapêutico. Harmonizar o ambiente e manter sua energia em constante movimento é muito benéfico para a saúde, tanto física, quanto mental e emocional. Juntamente com o ambiente, vai-se trabalhando o equilíbrio das pessoas. Trata-se, então, de uma técnica principalmente para a elevação consciencial do Ser, através do equilíbrio entre as forças da Natureza, do Cosmos e do Homem.
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